A
história recente do Brasil deverá ser, em futuro não tão
distante, minuciosamente esclarecida. Há, ainda, muitas versões
ambíguas sobre acontecimentos ocorridos durante a vigência do
Regime Militar. A autodenominada “Revolução de 1964”, agora
definida – em dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, TV,
rádio etc. – como “Golpe de 1964”, suscita opiniões
divergentes de civis e militares sobre suas atividades.
Diz
o Aurélio: “Revolução – Qualquer
transformação violenta da forma de um governo; Golpe de Estado –
Subversão da ordem constitucional.”. No Larousse, temos: “Golpe
de Estado – (...)
tomada do poder por meio de atentado ou conspiração, levada a
efeito por elites civis ou militares, sem a participação popular.”.
A
ditadura militar implantada no Brasil em 1964 prolongou-se até 1985,
ano da eleição de Tancredo Neves para a presidência, pelo Colégio
Eleitoral. Foi um período de violência, torturas, falta de
liberdade, desaparecimentos, censura, repressão, mas, de modo
contrastante, também de avanços e de crescimento econômico no
país, embora seu último governo, o do general João Baptista
Figueiredo, terminasse com uma inflação de mais de 200% ao ano e
uma dívida externa de cerca de 100 bilhões de dólares, além de
escândalos financeiros (Coroa-Brastel, em 1981; Delfin, 1982;
Centralsul, 1983 etc.).
Com
seu poder criativo e crítico, muitos cineastas brasileiros vêm
tentando retratar o comportamento do regime militar, levando aos
espectadores um facho de luz sobre aspectos pouco conhecidos dos
fatos ocorridos no parcialmente obscuro período, denominado, por
alguns, de “Anos de Chumbo” (a expressão “anos de chumbo” é
uma paráfrase do título em português do filme Die
bleierne zeit,
de 1981, da cineasta alemã Margarethe Von Trotta, sobre a repressão
à Facção Exército Vermelho, que recebeu a alcunha
“Baader-Meinhof” depois que Andreas Baader escapou da polícia
graças à ajuda de uma famosa jornalista de esquerda, chamada Ulrike
Meinhof).
Para
uma melhor explanação do assunto, citaremos os filmes sobre os
chamados “anos de chumbo” em ordem cronológica de lançamento, o
que possibilitará uma comparação qualitativa e evolutiva dos
mesmos.
Em
meados dos anos 1960, alguns cineastas pertencentes ao chamado ciclo
do Cinema Novo ensaiaram uma resistência ao golpe de 1964.
Entretanto, este movimento foi desbaratado no final da década, em 13
de dezembro de 1968, com a edição do Ato Institucional nº 5, que iria afetar profundamente o meio artístico-cultural, com o
aumento da censura, com a autocensura e com a prisão ou exílio dos
que se opunham ao regime. A vigência do AI-5 terminou à meia-noite
de 31.12.1978, dez anos e 18 dias após sua edição.
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