quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

OS BASTIDORES DO GOLPE DE 1964


A história recente do Brasil deverá ser, em futuro não tão distante, minuciosamente esclarecida. Há, ainda, muitas versões ambíguas sobre acontecimentos ocorridos durante a vigência do Regime Militar. A autodenominada “Revolução de 1964”, agora definida – em dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, TV, rádio etc. – como “Golpe de 1964”, suscita opiniões divergentes de civis e militares sobre suas atividades.
Diz o Aurélio: “Revolução – Qualquer transformação violenta da forma de um governo; Golpe de Estado – Subversão da ordem constitucional.”. No Larousse, temos: “Golpe de Estado – (...) tomada do poder por meio de atentado ou conspiração, levada a efeito por elites civis ou militares, sem a participação popular.”.
A ditadura militar implantada no Brasil em 1964 prolongou-se até 1985, ano da eleição de Tancredo Neves para a presidência, pelo Colégio Eleitoral. Foi um período de violência, torturas, falta de liberdade, desaparecimentos, censura, repressão, mas, de modo contrastante, também de avanços e de crescimento econômico no país, embora seu último governo, o do general João Baptista Figueiredo, terminasse com uma inflação de mais de 200% ao ano e uma dívida externa de cerca de 100 bilhões de dólares, além de escândalos financeiros (Coroa-Brastel, em 1981; Delfin, 1982; Centralsul, 1983 etc.).
Com seu poder criativo e crítico, muitos cineastas brasileiros vêm tentando retratar o comportamento do regime militar, levando aos espectadores um facho de luz sobre aspectos pouco conhecidos dos fatos ocorridos no parcialmente obscuro período, denominado, por alguns, de “Anos de Chumbo” (a expressão “anos de chumbo” é uma paráfrase do título em português do filme Die bleierne zeit, de 1981, da cineasta alemã Margarethe Von Trotta, sobre a repressão à Facção Exército Vermelho, que recebeu a alcunha “Baader-Meinhof” depois que Andreas Baader escapou da polícia graças à ajuda de uma famosa jornalista de esquerda, chamada Ulrike Meinhof).
Para uma melhor explanação do assunto, citaremos os filmes sobre os chamados “anos de chumbo” em ordem cronológica de lançamento, o que possibilitará uma comparação qualitativa e evolutiva dos mesmos.

Em meados dos anos 1960, alguns cineastas pertencentes ao chamado ciclo do Cinema Novo ensaiaram uma resistência ao golpe de 1964. Entretanto, este movimento foi desbaratado no final da década, em 13 de dezembro de 1968, com a edição do Ato Institucional nº 5, que iria afetar profundamente o meio artístico-cultural, com o aumento da censura, com a autocensura e com a prisão ou exílio dos que se opunham ao regime. A vigência do AI-5 terminou à meia-noite de 31.12.1978, dez anos e 18 dias após sua edição.

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