LILITH, A PRIMEIRA MULHER DE ADÃO
Por
Aldrêycka
Albuquerque
O
livro do Gênesis é bastante debatido em seus primeiros capítulos, que se referem à criação humana. Existem questionamentos quanto ao
termo “à nossa imagem e semelhança” estar no plural e não no
singular; outros questionam a criação do homem ter sido feita do
barro, ou o porquê de Eva ter sido feita da costela de Adão. Mas
uma questão incomum é a presença de uma figura feminina chamada
Lilith no momento da criação do ser humano, fato tão presente na
cultura judaica (e também no folclore hebreu, na mitologia Suméria
entre outros lugares), porém tão negligenciada pela versão atual
da Bíblia Sagrada. Nos dias atuais, Lilith só é citada uma vez na
Bíblia, em Isaías 34:14 (ver comentário a respeito ao longo do
texto), e, mesmo assim, só em versões mais antigas das escrituras.
Decidi
então pesquisar mais sobre essa criatura, e descobri algumas coisas
interessantes, até inquietantes para alguns. Mas, desde já, lá vai
um aviso aos navegantes: essas são teorias (conspiratórias?) que
não podem ser provadas e, bem como a Bíblia, é uma questão de se
acreditar ou não. E, mesmo se acreditando nela, a meu ver, não muda
em nada as bases da fé cristã, mas sim abre nossas cabeças para o
fato de que pode existir um mundo de outros acontecimentos que não
foram colocados (agrupados) na Bíblia que temos atualmente. Todavia,
a meu ver, isso não é suficiente para mudar ou desacreditar o teor
que as escrituras nos ensinam. Então, antes de ler o texto a seguir,
tenha sabedoria, discernimento e principalmente respeito aos que
acreditam (ou não) nas escrituras. Leiam, tirem suas próprias
conclusões, mas tenham em mente que tudo são suposições, que, se fossem provadas, não mudariam o sentido da vida. Então, sem
crises existenciais, OK?
Lilith,
ou Lilit (em hebraico:
לילית)
é, principalmente, conhecida como um demônio feminino
da mitologia babilônica que habitava lugares desertos. Os primeiros
registros que se têm dela é sob o nome Lilitu, representando uma
categoria de demônios na Suméria de
3000 a.C.
Na Suméria e na Babilônia, ela, ao mesmo tempo em que era cultuada, era também identificada como espírito maligno. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome fonético Lilith por volta de 700 a.C., e com este nome é referida em diversos textos antigos, sendo o mais notável o Antigo Testamento (livro de Isaías). Porém uma teoria interessante é a de que Lilith tenha sido uma mulher criada por Deus antes de Eva, simultaneamente à criação de Adão e inclusive da mesma forma que ele foi criado (do barro). Ou seja, Lilith pode ser sido a primeira esposa de Adão, antecessora a Eva.
Na Suméria e na Babilônia, ela, ao mesmo tempo em que era cultuada, era também identificada como espírito maligno. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome fonético Lilith por volta de 700 a.C., e com este nome é referida em diversos textos antigos, sendo o mais notável o Antigo Testamento (livro de Isaías). Porém uma teoria interessante é a de que Lilith tenha sido uma mulher criada por Deus antes de Eva, simultaneamente à criação de Adão e inclusive da mesma forma que ele foi criado (do barro). Ou seja, Lilith pode ser sido a primeira esposa de Adão, antecessora a Eva.
“Criou,
pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou.” Gênesis 1:27.
Porém,
no capítulo seguinte, Deus percebe que Adão está sozinho
(novamente?) e seria bom criar para ele uma mulher (outra?), e, interessante, que seja idônea (a outra não era?):
“Disse
mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma ajudadora que lhe seja idônea.” Gênesis 2:18.
A
confusão interpretativa se dá a partir do momento em que Deus cria
o homem (ser humano) no capítulo 1, fazendo-o macho e fêmea, e, logo
depois, no capítulo 2, Ele cria uma (outra?) mulher, não mais do
mesmo barro, mas agora da costela de Adão:
"E
da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e
levou-a para junto do homem.". Gênesis 2:22
Dessa
forma, é possível imaginar que uma edição (corte) possa ter sido
feita entre o capítulo 1:28 e o capítulo 2:21. É provável que
este corte tenha ocorrido em época bastante remota, como no quarto
século antes de Cristo, quando se supõe que o texto escrito tomou
uma forma próxima da atual. O capítulo 1:28 sustenta ainda
mais esta hipótese:
"E
Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei a Terra ..."Gênesis 1:28
Como
seria possível abençoar a ambos e recomendar a multiplicação, se
Eva ainda não tinha sido criada (só foi criada no capítulo 2)? E o
caso fica ainda mais estranho no versículo seguinte, na criação da
(segunda) mulher, vinda da costela, quando Adão parece gostar dela e faz um comentário bem peculiar:
"Disse
então o homem: Esta sim (ou ‘agora sim’, em algumas
versões), é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será
chamada mulher, porque do homem foi tirada." Gênesis 2:23
Assim,
acredita-se que essa afirmação de Adão é uma das provas da
existência de outra fêmea, criada antes de Eva, que, provavelmente, não era carne da sua carne. Tendo, a mulher anterior, sido criada do
mesmo barro que ele, seria assim igual, e não inferior a Adão.
Lilith
é muito conhecida na cultura (folclore?) judaica (o). Segundo eles
acreditam, a mulher criada do barro, juntamente com Adão, se mostrou
indomável, maléfica e teria deixado a presença de Adão, e então
expulsa do Paraíso. Algumas vezes ela é tida como a serpente que
teria tentado (seduzido?) Eva, a mulher que teria casado com Caim
(Gênesis 4:17), uma vampira, uma sedutora que castrava os homens que
seduzia e, por fim, um bicho maléfico ou animal noturno, termo
encontrado nas traduções recentes da Bíblia (Isaías 34:14). Por
sinal é neste versículo em Isaías onde o nome Lilith é citado
unicamente na Bíblia atual. Mesmo assim, mais recentemente, teria
sido trocado por coruja (em inglês) ou (como aqui no Brasil)
animal noturno. Acredita que durante o Concílio de Trento (ou
muito antes disso), a Igreja Católica retirou as menções a Lilith
do Gênesis, e teria deixado seu nome passar apenas nesse versículo
em Isaías (como na versão de J. N. Darby, abaixo).
“As
feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro
clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali
pousarão, e acharão lugar de repouso para si.”
Isaías 34:14 – Versão Almeida Corrigida.
Isaías 34:14 – Versão Almeida Corrigida.
“The
wild beasts of the desert shall also meet with the wild beasts of the
island, and the satyr shall cry to his fellow; the screech
owl (coruja que grita) also shall rest there, and find for
herself a place of rest.” Isaías 34:14 – Versão King
James.
“And
there shall the beasts of the desert meet with the jackals, and the
wild goat shall cry to his fellow; the lilith also shall
settle there, and find for herself a place of rest.”
Isaías 34:14 – Versão John Nelson Darby.
Isaías 34:14 – Versão John Nelson Darby.
Acredita-se
que o motivo de a Igreja Católica ter suprimido a criação (e
posterior rebelião) de Lilith seria uma das tantas tentativas de dar o tom patriarcal (machista?) às escrituras. Deixando
claro o lugar da mulher de submissa, abaixo hierarquicamente ao
homem. Sem contar que deixar passar uma criação, tal qual a de
Adão - e que não deu certo -, que acabou se rebelando contra o próprio
criador e se tornando um demônio, uma maldita, não seria muito
“católico”, por assim dizer.
“Deus teria criado um casal: Adão e uma mulher que antecedeu a Eva. Esta mulher primordial teria sido Lilith, figura bastante conhecida da antiga tradição judaica. Lilith não se submeteu à dominação masculina. A sua forma de reivindicar igualdade foi a de recusar a forma de relação sexual com o homem por cima. Por isso, fugiu para o Mar Vermelho. Adão queixou-se ao Criador, que enviou três anjos em busca da noiva rebelde. Os três anjos eram Sanvi, Sansanvi e Samangelaf. Os emissários do Senhor tentaram em vão convencer a fujona. Ameaçaram afogá-la no mar. (...) Lilith foi transformada em um demônio feminino, a rainha da noite, que se tornou a noiva de Samael, o Senhor das forças do mal. (...) Lilith seria uma figura sedutora, de longos cabelos, que voa à noite, como uma coruja, para atacar os homens que dormem sozinhos. As poluções noturnas masculinas podem significar um ato de conúbio com a demônia, capaz de gerar filhos demônios para ela. As crianças recém-nascidas são as suas principais vítimas. A crença em Lilith, durante muito tempo, serviu para justificar as mortes inexplicáveis dos recém-nascidos. (...) Finalmente, uma outra tradição judaica afirma que a lendária rainha de Sabá que teria visitado Salomão nada mais era do que Lilith. O sábio rei, contudo, descobriu o ardil, ao levantar a saia da rainha e constatar que as suas pernas eram peludas.” (Jardim do Éden revisitado, Roque de Barros Laraia).
Sendo
Lilith realmente uma criação de Deus, a primeira mulher de Adão,
ou apenas mais um ser demoníaco citado na Bíblia, o importante é
salientar (mais uma vez) que isso não muda em nada o fato de existir
um Deus supremo criador. O problema é que, com o tempo, vimos
modificando as escrituras, e interpretando-a de uma forma que coloca
a figura de Deus de um lado e Satanás do outro, como seu único arquirrival, o que, possivelmente, está errado. Vários são os seres que
lutam contra Deus e seus anjos, e Lilith (criação dEle ou não,
deixando claro que Satanás – Lúcifer – também é criação de
Deus) pode ser apenas mais um desses seres das trevas.
"Além
dos demônios que povoavam e aterrorizavam a terra, alguns
personalizados, como Azazel (Lev 16:9), Lilith (Is 34:14), Asmodeu
(Tob 3:8), entre outros, o Deus hebraico tinha oponentes em sua
própria corte, dos quais o mais célebre é Satã." (O
tempo que os homens ensinaram segredos aos homens, Emanuel Araújo).
“Porque
não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra
os principados, contra as potestades, contra os príncipes
das trevas deste século, contra as hostes espirituais da
maldade, nos lugares celestiais.” Efésios 6:12
Sendo
assim, entra aqui um gancho sobre estes seres das trevas que
desobedecem ao Senhor Deus e aterrorizam, ensinam o que não devem,
copulam e corrompem o homem. Seres como Lilith, que um dia foram
criados por Deus e que, por conta do livre arbítrio, preferiram cair
e vagar (não só) pela Terra na busca de quem tragar. E nesta busca
vem também o conhecimento que Deus julgou não ser pertinente a nós
e que esses seres decidiram nos ensinar como forma de atentar contra
o Senhor.
FONTES:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77011997000100005&script=sci_arttext
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