CARNAVAL
chega, vai embora, e voltamos à mesmice, nesta cidade maravilhosa,
coração do meu Brasil:
A
jardineira não está mais tão triste; agora, recebe o bolsa
família;
Na
política, tem gente torcendo para a Camélia cair do galho, para que
possam colocar o retrato do velho outra vez no mesmo lugar; o velho,
na porta da Colombo e na articulação política, continua um
assombro, e vive cantando: “Só não quero que me falte... a danada
da cachaça”; “garrafa cheia eu não quero ver sobrar”;
A
Camélia está dizendo: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”,
enquanto o pernambucano diz: “Ô abre alas, que eu quero passar”;
e o mineiro acrescenta: “Se a canoa não virar, eu chego lá”;
Índio
não quer mais apito, quer comissão e terras de graça;
Alalaô,
de cara queimada, pede água para Ioiô e Iaiá, e. neste clima
saariano, todo mundo querendo um lindo apartamento, com porteiro e
elevador, e ar refrigerado para os dias de calor;
A
viúva, o brotinho e a madame seguem saçaricando (seja lá o que
isso signifique);
Mulata
bossa-nova não cai mais no hully gully; agora é no lepo lepo;
A
cabeleira do Zezé foi cortada na Papuda;
Garis
disseram: “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí”. Enquanto o
prefeito não deu, eles fizeram a “grande confusão”;
Tudo
continua confuso no país: nós é que bebemos, e eles é que ficam
tontos. Tem nego bebo aí. Escorregaram na roupa da Chiquita Bacana,
aquela lá da Martinica.
Agora,
chega de besteirol. Um abraço do Nelson Barboza.
Na
bola, no samba, na sola, no salto,
Lá vem o Brasil descendo a ladeira...
Lá vem o Brasil descendo a ladeira...
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