sábado, 14 de outubro de 2017

ALITERAÇÃO

VOCÊ, NATURALMENTE, JÁ CONHECE O QUE É ALITERAÇÃO, a sequência de letras semelhantes, ou sons. Mas o genial Millôr Fernandes (1923-2012) nos brindou, no Pasquim, um corajoso jornal alternativo brasileiro, editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de 1991, com um texto digno do seu talento:

PÊS PACAS
Paulo Porto Peregrino, pintor português, pintava pinturas pedantes por puro provincianismo. Pequenina, pálida Patrícia Peralta perambulava por perto. Percebendo-a, Paulo parou. Patrícia pôs-se pé-ante-pé, posando, pulso precipitado, peito projetado, provocando. Peregrino, paquerando, propôs passeio parque
próximo. Patrícia pôs-lhe para-sol perto partes proeminentes. Paulo Peregrino pulou para proteger-se, persistiu propondo. Patrícia ponderou, protelou, porém prometeu possível paraíso pronunciando palavras petulantes. Peregrino, percebendo provocação projetou-se palpitante. Procuraram perto posto próximo, pintou prontamente paineira prodigiosa ponto perfeito. Pactuaram palpando, palmeando, pedaço por pedaço, prelibando pasmosas possibilidades permitidas presente "permissividade". Porém 
pessoas puritanas procuraram polícia. Policiais panacas, percebendo propósito par, prenderam Paulo-Patrícia por patente procedimento pornográfico, pavorosa provocação pundonor público. 
Putz!


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