VOCÊ,
NATURALMENTE, JÁ CONHECE O QUE É ALITERAÇÃO, a sequência de
letras semelhantes, ou sons. Mas o genial Millôr Fernandes
(1923-2012) nos brindou, no Pasquim, um corajoso jornal alternativo
brasileiro, editado entre 26 de junho de 1969 e 11 de novembro de
1991, com um texto digno do seu talento:
PÊS PACAS
Paulo Porto
Peregrino, pintor português, pintava pinturas pedantes por puro
provincianismo. Pequenina, pálida Patrícia Peralta perambulava por
perto. Percebendo-a, Paulo parou. Patrícia pôs-se
pé-ante-pé, posando, pulso precipitado, peito projetado,
provocando. Peregrino, paquerando, propôs passeio parque
próximo.
Patrícia pôs-lhe para-sol perto partes proeminentes. Paulo
Peregrino pulou para proteger-se, persistiu propondo. Patrícia
ponderou, protelou, porém prometeu possível paraíso pronunciando
palavras petulantes. Peregrino, percebendo provocação projetou-se
palpitante. Procuraram perto posto próximo, pintou prontamente
paineira prodigiosa ponto perfeito. Pactuaram palpando,
palmeando, pedaço por pedaço, prelibando pasmosas
possibilidades permitidas presente "permissividade". Porém
pessoas
puritanas procuraram polícia. Policiais panacas, percebendo
propósito par, prenderam Paulo-Patrícia por patente procedimento
pornográfico, pavorosa provocação pundonor público.
Putz!
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