sexta-feira, 12 de agosto de 2016

MELHORES FILMES DA DÉCADA DE 1970

MELHORES FILMES DA DÉCADA DE 1970

Nos anos 1970, já começa a ficar mais difícil para o cinéfilo exigente (e inteligente) a tarefa de selecionar obras cinematográficas dignas de serem assistidas. Com os filmes excepcionais rareando, à medida que os anos passam, o mercado é entulhado, cada vez mais, por filmes “bonzinhos” (a maior parte dos EUA), engajados no lucro comercial, sem grande preocupação com a profundidade dos temas, funcionando apenas como passatempo despretensioso. Mas nem tudo estava perdido: alguns cineastas, notadamente na Europa, realizaram obras mais apuradas e profundas, abordando temas de grande interesse para o público. Entretanto, tivemos, nos EUA, filmes um pouco acima da média, já comentados em outros artigos: –O poderoso chefão 1 e 2 (1972/1974) e Apocalypse now (1979), de Francis Ford Coppola; –Tubarão (1975) e Contatos imediatos de terceiro grau (1977), de Steven Spielberg; –M.A.S.H. (1970) e Nashville (1975), de Robert Altman; –Um estranho no ninho (1975), de Milos Forman; –Chinatown (1974), de Roman Polanski; –Cabaret (1972), de Bob Fosse; –O expresso da meia-noite (1978), de Alan Parker; –Alien, o oitavo passageiro (1979), de Ridley Scott; –Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas e, ainda, A conversação (1974), de Francis Ford Coppola, em que um perito em grampear telefones entra em crise quando descobre que seu trabalho está a serviço de uma trama criminosa (ganhou a Palma de Ouro em Cannes).
Dos filmes europeus, cada vez mais apreciados nestas plagas, destacamos os seguintes:
O homem de mármore (Polônia, 1976), de Andrzej Wajda – Refletindo o clima de inquietação da sociedade polonesa, o filme faz parte do início da corrente contestatória que culminaria com a união dos sindicatos do país, formando o Solidariedade, em 22 de setembro de 1980. A obra coloca o stalinismo em questão, ao abordar o tema da realização de um documentário sobre um heroico operário que foi posto em segundo plano com o degelo;
Solaris (URSS, 1972), de Andrei Tarkovsky – Não se enquadrando na estética oficial soviética (calcada no realismo socialista), é um filme de ficção científica perturbador, que trata da ida de um psicólogo a uma estação orbital da URSS, para verificar a incidência de alucinações que estavam levando alguns tripulantes ao suicídio ou à morte;
O jardim dos Finzi-Contini (Itália, 1971), de Vittorio de Sica – Durante a II Guerra Mundial, família aristocrata de judeus italianos ignora a ameaça dos campos de concentração fascistas e a perseguição aos membros de sua raça, passando por situações que não previra. Oscar de melhor filme estrangeiro;
Amarcord (Itália, 1973), de Federico Fellini – Amarcord (“eu me lembro”, em dialeto romagnol) é uma crônica onírica e nostálgica de uma pequena cidade italiana na década de 1930; relato autobiográfico que revela o cotidiano familiar, o despertar da sexualidade e a ascensão do fascismo. Oscar de melhor filme estrangeiro;
O discreto charme da burguesia (França/Espanha/Itália, 1972), de Luis Buñuel – Obra surrealista que confunde sonho com realidade, caracteriza-se como uma crítica social audaciosa e uma sátira às convenções burguesas;
Um dia muito especial (Itália, 1977), de Ettore Scola – Filme intimista, mostra o encontro, em 1938, no dia em que Hitler visitava Roma, de um radialista demitido por ser homossexual (Marcello Mastroianni) e sua vizinha, uma esposa infeliz (Sophia Loren). Expõe a repressão e a massificação de ideias por parte do governo fascista italiano na época;
Giordano Bruno (Itália, 1973), de Giuliano Montaldo – Impressionante reconstituição da vida do filósofo, astrônomo e matemático Giordano Bruno (1548-1600), que, influenciado por Nicolau de Cusa e Copérnico, desenvolveu sua teoria do universo infinito e da multiplicidade dos mundos, o que implicou em negar a ideia teológica da Criação. Julgado pela Inquisição, foi torturado e queimado vivo, em fevereiro de 1600;
O tambor (Alemanha, 1979), de Volker Schlöndorff – Magnífica crítica político-social. O garoto que se recusa a crescer, depois de os nazistas tomarem o poder na Alemanha, e seu protesto, batendo com vigor num tambor, sempre que algo dava errado em sua vida. Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e compartilhou, com Apocalypse now, a Palma de Ouro em Cannes;
1900 (Itália/França/Alemanha, 1977), de Bernardo Bertolucci – Filme com 234min, um grandioso painel sobre a história da Itália no século XX; a batalha entre a esquerda e o movimento fascista;
O dia do Chacal (Inglaterra, 1973), de Fred Zinnemann – Adaptação correta do romance de Frederick Forsyth, a história da tentativa de assassinato do general Charles de Gaulle por elemento contratado por grupos da extrema direita;
O amigo americano (Alemanha/França, 1977), de Wim Wenders – Um dos melhores filmes de Wenders. Homem pacato, portador de doença incurável, é procurado por francês que lhe faz uma estranha proposta: matar perigoso mafioso em troca de 250 mil marcos. Tensão o tempo todo;
O enigma de Kaspar Hauser (Alemanha, 1975), de Werner Herzog – Garoto criado em um porão até seus 18 anos é levado para a cidade e estranha a nova realidade. Filme baseado em fato real. O título original é Jeder fur sich und Gott gegen alle, cuja tradução é “Cada um por si e Deus contra todos”. Tivemos, ainda, na década, dois bons e hilariantes filmes do grupo inglês Monty Python:
-A vida de Brian (1979) e Monty Python - Em busca do cálice sagrado (1975).

O Japão também deu sua contribuição, com: –Dodeskaden – O caminho da vida (1970) e Derzu Uzala (1975), ambos de Akira Kurosawa. A década de 1970 foi, ainda, a época de filmes polêmicos, como: –O último tango em Paris (Fra/Ita/EUA, 1972), de Bernardo Bertolucci; –As mil e uma noites (Itália, 1974), de Pier Paolo Pasolini; –O império dos sentidos (Japão, 1976), de Nagisa Oshima.      

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